Muita gente confunde talento com habilidade. E no meio dessa confusão surgem besteiras do tipo: DNA de empreendedor, DNA de vendedor, DNA de gestor e mais um monte de merda que nem vale a pena enumerar. Muita gente acha que para fazer algo é preciso ter talento e, com isso, cria um clubinho exclusivo. Não é assim. Na verdade, você pode fazer o que bem entender. A diferença está na dificuldade e no resultado.

Todo mundo tem um talento

No dicionário, talento é assim definido:

conjunto de aptidões, naturais ou adquiridas, que condicionam o êxito em determinada atividade.

Veja, mesmo o talento pode ser adquirido. Você pode ter nascido sem talento em absolutamente nada e, ainda assim adquirir talento em algo. Apesar da definição do dicionário, no dia-a-dia usamos a palavra talento para definir algo que temos de maneira natural — só que a palavra correta é composta: talento inato.

Todo mundo nasce com um ou outro tipo de talento ou desenvolve um conjunto de aptidões ao longo da vida. Normalmente, isto está ligado direta, ou indiretamente, com o que gostamos de fazer.

Você desenvolve habilidades

No dicionário, habilidade está assim definida:

qualidade de quem é hábil, aptidão, capacidade; inteligência, talento, engenho.

Perceba que o próprio dicionário mistura os conceitos de talento e habilidade. Apesar da definição do dicionário, no dia-a-dia usamos a palavra habilidade para descrever uma disciplina que conseguimos aprender.

Assim, no uso coloquial, a habilidade diferencia-se do talento pelo fato de você desenvolver a habilidade e nascer com um talento — claro que esta é uma definição artificial e completamente fora do que diz o dicionário, que considera as palavras praticamente sinônimos. Mas vamos seguir usando o significado coloquial, pois é o que todo mundo usa mesmo.

Talentoso x Habilidoso

No início do texto eu disse que você pode fazer o que bem entender. Para embasar minha argumentação, vou descrever uma experiência pessoal que segue exatamente nesta direção.

Aos 35 anos resolvi aprender a andar de patins. Equilíbrio nunca foi a minha melhor característica. Sempre fui estabanado. E esta é uma característica minha que nunca considerei um problema, mas uma característica intrínseca, ou seja, um talento: talentoso em acertar quina de porta com o dedinho.

Ralei, cai de tudo quanto é jeito. Como sempre usei proteção, nunca quebrei nada. Porém, aprendi a andar de patins, esporte que pratico até hoje, do alto dos meus 47 anos. Sou bom patinador? Não. Sou gracioso? De maneira nenhuma. Tenho a graça de um mastodonte rolando uma ribanceira abaixo. Mas ando de patins.

Onde quero chegar com essa ladainha? Apesar de não ser talentoso, tenho alguma habilidade, habilidade esta que é suficiente para eu conseguir andar de patins com a minha filha. Pareço um astronauta com o tanto de proteção, mas ando de patins. Ponto final.

Assim, você não precisa ser talentoso para fazer o que lhe der na cuca. A diferença entre o cara que tem o talento inato naquela habilidade que você quer desenvolver é que o cara talentoso será brilhante e você não. Porém, você fará do mesmo jeito, sem brilhantismo, de forma pedestre, mas fará. E este é o ponto: não importa se você tem o talento ou não; você pode desenvolver a habilidade que bem entender e fazer o que bem quiser. O que vai diferenciar é que você terá mais trabalho do que um cara que já nasceu com o talento. Esforço é tudo, no fim das contas.

Melhor fazer do que ficar sentado olhando

Assim, chegamos ao ponto que eu queria chegar: tem uma ideia para um negócio? Quer empreender? Arregace as mangas e manda ver. Aprenda. Desenvolva as habilidades que você precisa para empreender. Não sabe vender? Aprende! Tem curso pra isso. Não sabe falar em público? Faça um curso de oratória, ora bolas!

Ah, mas eu não tenho DNA de vendedor, não sou empreendedor nato… FODA-SE! Ninguém nasceu vendendo Mary Key na barriga da mamãe, ou já empresário de alguma coisa grande. Todo mundo teve formação, correu atrás. A diferença é que os grandes empresários de sucesso correram atrás dos seus sonhos enquanto as outras pessoas ficaram nas suas confortáveis zonas de conforto.

Pare de se boicotar

Você é seu maior inimigo. Sempre que você vai fazer algo novo sempre surgem desculpas. O fato é: como é que você faz para viabilizar o seu projeto? E o seu projeto pode ser qualquer coisa: emagrecer, fazer academia, comer menos besteira, comprar um carro novo, abrir uma empresa — não importa!

Você tem a capacidade de fazer o que bem entender. Não tem formação? Corra atrás dela. Precisa de capacitação? Estude! O que você não pode fazer é ficar sentado no seu sofá vendo os outros conseguindo realizar os sonhos enquanto você espera, passivamente, pela morte.

Saia do lugar e boa sorte!