Uma escalada chamada Vida
Você escolhe como vai envelhecer
Depois que cheguei à dita meia-idade comecei a entender o que é a tal crise da meia-idade. A meia-idade é como escalar um morro. Você está ali, esforçando-se para sair da base, mas sem tempo para olhar para baixo pois há muito com o que se preocupar. Afinal, ao começar a escalar você não sabe o que fazer, mas sabe que precisa subir. Você é impelido a subir. Só tem um rumo para seguir: para cima. É para cima ou morrer.
Você começa a subida acompanhado. Primeiro te carregam e, ao longo do caminho, você aprende sobre as cordas, os mosquetões, como lançar a corda, como ajustar os equipamentos. Sim, você vai cair. Várias vezes. Vai se machucar. Se tiver muito azar, sua escalada terminará por ali, sem você ter conseguido chegar ao topo. Quem chega ao topo é um sobrevivente, não necessariamente o mais forte. A gravidade é inclemente.
Em determinado momento você chega a um determinado ponto do caminho e olha para baixo. Neste momento, você chegou à meia-idade. É nesta hora que você olha todo o caminho que seguiu e compara com o quanto falta para continuar. E é aí que você percebe que o caminho que falta não é tão longo quanto você imaginava: a escalada é muito mais curta do que você inicialmente pensou.
É chegando na meia-idade que você percebe dois fatos importantes da vida:
- você vai morrer.
- o tempo que você tem é muito mais curto do que você sempre supôs.
As pessoas reagem de formas diferentes quando são confrontadas com estes dois fatos. Obviamente que estes dois fatos sempre estiveram presentes nas nossas vidas. Sempre. Nunca tivemos o tempo que supomos que temos. E vamos morrer. Simples assim. Porém, existe uma diferença entre um fato existir e termos consciência de que este fato existe.
Ter consciência destes dois fatos tornam a vida mais fácil, ao contrário do que pode parecer. Você começa a usar melhor seu tempo, no intuito de aproveitar ao máximo cada momento. Você começa a dar menos atenção à opinião alheia e toma coragem de fazer tudo aquilo que sempre quis fazer.
Seus projetos saem da gaveta. Você passa a executar mais em menos tempo, sempre procurando formas de aproveitar ao máximo o tempo. Afinal, é preciso ter tempo para viver cada uma das coisas que estão à nossa volta, e mesmo aquilo que está dentro de nós.
Aprende-se que os projetos não saíam por que nós mesmos criávamos os problemas. Ouvíamos a opinião das pessoas que não entendem o que desejamos. Dávamos crédito às críticas de pessoas que não sabem o que nós passamos. Entendemos que não é possível agradar a todos e que não somos capazes de criar laços de amizades com todas as pessoas. Deixamos de agradar os outros para agradar-nos, compartilhando com quem quiser participar da partilha a nossa alegria. Nem todo mundo quer a nossa alegria.
Envelhecer não é fácil. Não nos preparamos sequer para viver, quanto mais para envelhecer. Não existe fórmula para envelhecer. É mais uma lição empírica que a vida nos dá. É preciso aprender fazendo. E esta é a melhor forma de aprender.