Ronaldo
Ronaldo Desenvolvedor, pai, cidadão do mundo.

O mundo está cada vez mais estranho

Acho que ando perdendo o senso da realidade

O mundo está cada vez mais estranho

Ou estou ficando louco ou a realidade andou exagerando na dose de LSD. O avanço tecnológico era esperado. Eu, como todo mundo do fim do Século XX, esperava andar em carros voadores no Século XXI. Mas a esquisitice não está na tecnologia e sim nas pessoas.

As pessoas estão cada vez mais esquisitas. Estamos cada vez mais separatistas. Criamos grupos artificialmente só para poder falar mal do outro grupo. Gente com camisas de times diferentes se entopem de porrada só por que torcem para times diferentes. Homens diminuem as mulheres. Mulheres diminuem os homens. Casais se dividem entre os normais e os homo afetivos. Que porra é essa minha gente?

Fazemos todos parte do reino animalia. Não satisfeitos em nos diferenciarmos dos outros animais, agora queremos nos diferenciar de nós mesmos. Tenho uma má notícia para você, separatista: você é tão animal quanto o seu cachorro. Você é tão primata quanto um chimpanzé.

O cérebro complexo do ser humano é uma bênção e, ao mesmo tempo, uma maldição. Por que somos capazes do pensamento abstrato, podemos criar coisas maravilhosas. Porém, também percebemos o universo de uma forma unívoca e pessoal e acabamos nos distanciando do restante da natureza que se apresenta à nossa percepção como uma coisa bruta.

Somos tão parte da natureza quanto a larva de mosquito que cresce no lixo da sua casa. Estamos todos conectados de formas muitas vezes tão sutis que chegam a ser imperceptíveis. Somos, primariamente, animais como qualquer outro que existe à nossa volta. E assim como os outros animais, temos características próprias, intrínsecas, que nos diferenciam no meio dessa grande pintura chamada mãe natureza.

O fato é que criamos coisas fantásticas que nos escravizam. A culpa não é das nossas criações, mas de nós mesmos. Nos tornamos escravos de nós mesmos. E nos separamos das outras pessoas, aumentando a esquisitice da realidade que nos cerca. Estamos todos, fundamentalmente, no mesmo barco. Mas insistimos em remar cada um para um lado. Queremos nossa unicidade mas não admitimos isso.

A realidade está esquisita por que temos buscado nas posses materiais a realização do espírito. E assim, não conseguimos nos realizar pois o espírito nunca fica satisfeito com absolutamente nada material que tivermos. A própria ideia de posse é uma ilusão. Não possuímos absolutamente nada. A morte existe justamente para nos lembrar deste fato.

A realidade está esquisita por que rotulamos nossos semelhantes para que fiquem diferentes de nós mesmos. Acusamos outros de corrupção sendo que já fomos há muito corrompidos. Tentamos tirar de nossas costas o peso da culpa pois sabemos o quanto estamos fazendo errado. Porém, estamos em busca da perfeição, aquela coisa inexistente, inumana e fantasiosa.

Abrace sua imperfeição. Entenda que você é apenas mais um no meio de uma trama infinita de possibilidades. Apesar da nossa infinita pequenez, somos capazes de alterar, sozinhos, toda a trama da realidade. Olhe para a História: indivíduos sozinhos alteraram a realidade da humanidade, alguns de forma positiva e outros de forma negativa. Copérnico, Galileu, Newton, Jobs, Hitler, Jesus, todos eles alteraram a trama da realidade para melhor ou para pior, demonstrando que mesmo em sua infinita pequenez, nos foi dada a capacidade de mudar o universo.

Mesmo que uma mudança infinitamente pequena aconteça dentro da sua casa, suas implicações alastram-se por uma teia inimaginável de coincidências e eventos que podem ocasionar na disrupção de algum evento do outro lado da galáxia. Relacionar essas coisas nos é humanamente impossível. Mas é assim que o universo colocado diante de nós funciona.