Ronaldo
Ronaldo Desenvolvedor, pai, cidadão do mundo.

Minha Vida Social

Como a exposição nas redes sociais pode ser perigosa

Minha Vida Social

As redes sociais são como ferramentas: se você não souber como usar vai acabar de machucando. E tenho visto gente que expõe-se demais nas redes sociais. O sujeito tira foto do copo com água que vai beber; a menina mostra a cama que acabou de arrumar. Não seria mais fácil morar numa casa onde as paredes são de vidro?

As pessoas acabam por ignorar, completamente, sua privacidade. Abrem suas vidas para que estranhos possam olhar. Uma vez que uma publicação deixa seu computador, ela torna-se algo descontrolado, com vida própria, e sabe-se lá Deus onde vai parar.

Quer um exemplo? Em 2012 desenvolvi, juntamente com meu grande amigo Fernando, um aplicativo para iOS chamado Imunize. Era uma carteira de vacinação virtual. Fizemos um hot site e alguma propaganda das mídias sociais. Alguns anos depois, lá pelos idos de 2014, achei referências ao imunize em um site obscuro japonês. Nunca havia publicado nada lá. Nem sabia da existência deste site. Não faço a menor ideia de como a referência para o meu software foi parar lá.

O fato é que para o meu negócio, a exposição é uma boa coisa. Ajuda a vender. As pessoas passam a conhecer o seu negócio e sabem que tem mais uma opção para procurar por produtos ou serviços. Porém, e a sua vida pessoal? Vale a pena expor-se nas redes sociais?

Há um caso interessante de um casal norte-americano que viajou para a Turquia. Em Istambul viram uma foto da família em uma propaganda de plano de saúde. A foto foi tirada por amigos da família e foi publicada no Facebook. E virou propaganda em outro país. E é assim que as redes sociais funcionam: o produto é você.

Muita gente não entende isso e acaba publicando coisas pessoais nas redes sociais. Estão se expondo. Pessoas mal intencionadas também frequentam redes sociais. E tem gente que se expõe de tal forma que é possível, com pouco esforço, descobrir o itinerário da pessoa durante a semana. Um prato cheio para sequestradores. E tudo feito com levantamento simples de dados, sem necessidades de hackers ou qualquer mágica.

Ao abrirem suas vidas nas redes sociais, exporem seus sentimentos, seus itinerários, suas preferências, essas pessoas estão expondo-se ao perigo, abrindo possibilidades de sofrerem assédios, sequestros, assaltos e caírem em golpes. A privacidade é algo muito importante e que tem se tornado algo banal.

A privacidade vem perdendo importância ao longo dos anos e opera-se algo que me deixa muito amedrontado: imagine um mundo sem privacidade. Todos sabem o que todo mundo faz. Trata-se de um mundo onde as pessoas não tem mais identidade. Não existirá mais o eu. Existirá apenas o nós. Num mundo assim tudo será usado contra você. E não haverá nada que você poderá fazer.

Parece uma viagem maluca de ficção científica, mas não é. Olhe à sua volta. Veja os perfis dos seus amigos no Facebook ou no Google Plus. Alguns expõem-se demais. Colocam os lugares que visitam, os lugares onde almoçam, textos sobre o quanto estão apaixonados ou tristes. Com pouco esforço você consegue, inclusive, traçar um perfil psicológico de uma pessoa com base nessas informações. Pessoas perdem emprego pelo que escrevem nas redes sociais.

Há alguns anos ouvi um caso de uma candidata de concurso público que suou a camisa para realizar o seu sonho de tornar-se funcionária pública. Chegou a fazer a prova oral e a ser aprovada. Porém, o seu perfil em uma rede social a tirou do concurso. Esta candidata expunha-se com fotos sensuais. E infelizmente vivemos em uma sociedade hipócrita com falsos preceitos de moral. Resultado: esta candidata terá de fazer algo diferente da vida.

Assim, cuidado com o que escreve nas redes sociais. A sua publicação sai do seu controle a partir do momento que você clica em publicar. A partir daí, você não sabe mais quem vai ler ou quem vai passar adiante o que você escreveu, nem como isso será usado. A verdade é que é preciso saber usar as redes sociais para que se tornem ferramentas produtivas e não uma arma apontada para a sua cabeça.