Ronaldo
Ronaldo Desenvolvedor, pai, cidadão do mundo.

Pare de buscar a inovação!

Inover não é fazer algo diferente ou novo: é simplesmente sobreviver!

Pare de buscar a inovação!

Inovar é quase um mantra entre os novos empreendedores. A inovação praticamente se tornou um pré-requisito para o sucesso. E muita gente deixa de empreender por que acredita que sua ideia não é inovadora ou que o que faz não traz nenhuma inovação.

Inovar é sobreviver, caros amigos. A grande maioria das empresas abertas no Brasil não sobrevivem ao quinto ano. Várias fecham as portas antes de completar um ano de vida. Por que? Falta de dinheiro, má gestão, falta de mercado, falta de vendas… Dê nome ao motivo.

A verdadeira inovação é conseguir nadar em um mar de tubarões sem ser comido por eles.

A verdade é que inovar é, na minha opinião, a peça menos importante deste quebra-cabeças chamado empreendedorismo. O importante mesmo é vender. Sem vender, você pode ter a coisa mais inovadora da galáxia: seu negócio vai morrer asfixiado.

Você pode ter tido a melhor ideia do universo, criar a empresa mais descolada da galáxia. Sem vendas, já era companheiro. Seu negócio fede, morre e você fica assistindo de camarote todo seu esforço ir pro brejo.

A inovação não é uma obrigação para que sua empresa dê certo. A inovação é legal, sim. É muito do caralho pensar que você trabalha no cutting edge de alguma coisa. Mas, para chegar lá, você precisa de dinheiro. E dinheiro é um recurso escasso, principalmente no Brasil.

Eu procuro nas coisas novas métodos e formas de minimizar os custos operacionais da minha empresa. Procuro formas de fazer mais com menos recursos e, assim, potencializar minhas vendas. Deve haver alguma inovação em alguma coisa que faço. Mas não é isso que me preocupa e não deve ser isso que deva preocupar você, caro leitor. É preciso, antes de mais nada, pagar as contas que vencem todo mês. É preciso ter dinheiro para pagar seu pessoal, seus parceiros e colaboradores. É preciso manter a máquina que você está construindo funcionando.

Depois que a sua máquina estiver funcionando sozinha, com pouca ou nenhuma intervenção é que você deve pensar em inovar. O novo requer recursos que provavelmente você ainda não tem: seja dinheiro, uma nova tecnologia, uma nova forma de fazer as coisas. Isso requer investimento. E como é que você vai fazer investimento sem ter dinheiro?

Se você tem o dinheiro para fazer a coisa acontecer, ótimo. Parabéns! Mas saiba que você corre o risco de produzir algo que não vai vender. Isso faz parte do risco de investimento do seu negócio. Quer um exemplo? Em 2009 criamos um sistema inovador, inclusive do ponto-de-vista de armazenamento de dados. A ideia era comparar planos de tarifas de operadoras móveis celulares procurando um que se adequasse melhor para o cenário de uso do cliente.

Inovamos na forma de usar bancos de dados: criamos um engine que transformava um banco de dados relacional em um banco de dados hierárquico. Modelamos todo o sistema de forma a ter flexibilidade no armazenamento e as primeiras medidas de performance foram muito animadoras, batendo bancos de dados tradicionais em termos de volume de escrita e leitura — mesmo usando um banco de dados tradicional como armazenamento.

Inovador. Mas desastroso. No afã de criar algo inovador, não pensamos no modelo de negócio disso nem, muito menos, na aderência do mercado. Ficamos com um produto de alta tecnologia que não vendia. O mercado, na época, não tinha o menor interesse em usar algo assim. Resultado? Empresa quebrada, orgulho ferido, dinheiro perdido.

Eu vejo a inovação como uma ferramenta a ser utilizada no dia-a-dia e não como um objetivo a ser alcançado. O importante, de verdade, é achar seu cantinho no mercado, explorar esse cantinho e gerar recursos à partir das vendas que você realizar, seja de produtos ou serviços, não importa. A verdadeira inovação é conseguir nadar em um mar de tubarões sem ser comido por eles.