Ronaldo
Ronaldo Desenvolvedor, pai, cidadão do mundo.

A Vivo atira no próprio pé

Ideias retrógradas em empresas de tecnologia levam à perda de mercado.

A Vivo atira no próprio pé

Estava navegando pela internet quando esbarrei com esta notícia que destaca a adoção da franquia de internet pela Vivo. A posição do executivo da Vivo, Christian Gebara, é, no mínimo, equivocada. Cada vez mais vivemos em um mundo conectado e cada vez mais aumentará a demanda por internet com mais velocidade e qualidade.

A ideia de criar franquias para a internet não é nova. Operadoras como a NET, por exemplo, já adotam este modelo há tempos, inclusive realizando traffic shaping, uma prática que limita a velocidade de quem consome mais dados.

Eu acredito que o posicionamento da Vivo é equivocado e vai resultar na diminuição da sua carteira de clientes, fenômeno que já vem acontecendo com a sua subsidiária de telefonia móvel celular. É um fato que o brasileiro cansou-se de consumir serviços de baixa qualidade e isto começa a se tornar algo cada vez mais evidente, fenômeno que vem sendo impulsionado principalmente pela crise econômica e política que vivemos no país.

O disparate entre os altos preços e a baixa qualidade é o que vem alimentando a insatisfação dos clientes. Por exemplo, a NET vem perdendo sistematicamente clientes do seu serviço de televisão a cabo. O motivo? Preços elevados para um serviço de baixa qualidade. O fato é que o consumidor mudou a forma de consumir mídia, preferindo, cada vez mais, serviços por demanda como o Netflix, que permite que você assista seus programas prediletos em qualquer dispositivo.

O fato é que essas empresas não investiram para aguentar a demanda das novas formas de consumo de mídia, em particular o streaming. Não é só o streaming de vídeo que vem se popularizando. Há também o streaming de músicas, como o serviço Apple Music ou o Spotify. Chegará um momento em que teremos, via TCP/IP, todos os serviços que consumimos: voz, imagem, som, etc. A internet é, definitivamente, o meio de facto de fazermos transações financeiras, acompanharmos as notícias e de nos comunicarmos de uma maneira geral. Criar empecilhos para isto é nadar contra a tendência mundial de abertura dos dados.

Eu vejo este posicionamento da Vivo como um posicionamento de quem está se colocando contra o cliente. Ao contrário, a Vivo deveria colocar-se ao lado do cliente, procurando dar soluções de custo apropriado e de qualidade apropriada. Esta atitude de criar franquias no intuito de ampliar as margens de lucro sem, contudo, oferecer um serviço decente ao usuário final é um sintoma de que a empresa teme amargar prejuízos em um mercado em franca decadência.