A magia do quadro branco
Quando estou programando, as ideias voam na cabeça. Com os anos, passei a programar menos e a usar mais o meu tempo para projetar o que vou fazer. Eu diria que hoje eu gasto 70% do meu tempo pensando no que vou fazer e 30% do tempo realmente escrevendo e testando código.
Sou o The Flash da programação? Longe disso. O fato é que quando você sabe exatamente o que tem de fazer, fica fácil escrever código. O problema é saber exatamente o que fazer.
Antigamente, e bota antigamente nisso, eu costumava usar um caderno pautado. Passava grande parte do tempo rabiscando o caderno com uma lapiseira Pentel 0.5 mm, herança dos meus tempos de engenharia. Mas, lapiseira enche o saco, e caderno também. Depois de um tempo passei a usar folhas A4 e às vezes colava uma na outra para ter um papel maior.
Depois de muito tempo, descolei um quadro branco de tamanho relativamente pequeno. Grande o suficiente para que eu possa rabiscar e colar um monte de post-it (3M, quero comissão). Qual foi o grande barato disso?
Isso me faz levantar da minha cadeira e ficar de pé. É engraçado como ficar em pé muda a perspectiva das coisas. Parece que o cérebro balança dentro da cabeça e as coisas simplesmente fluem. Não sou fisiologista, mas imagino que deva ter algo haver com a circulação do sangue. Uso o quadro branco para rabiscar sem dó as ideias. Quando algo relevante aparece, saco o celular, bato uma bela foto e salvo para referência futura.
No que isso tem me ajudado? Tenho percebido aumento na minha produtividade, melhoria no código que escrevo pois tenho conseguido escrever menos código com mais qualidade. Além disso, percebo que este exercício me faz ter menos dor nas pernas — depois de 21 anos sentado na frente de um monitor, a gente desenvolve esse tipo de coisa.
Por mais que seja mais rápido tomar notas no computador, o nosso cérebro ainda tem um ritmo próprio. O grande lance é achar o ritmo adequado para o seu cérebro. Ficou tudo embaçado na frente do computador? Levante-se, escreva no seu quadro branco e tudo volta a ficar dentro do foco. Pelo menos comigo isso tem funcionado maravilhosamente bem.
Escrever no quadro branco é gostoso. Dá uma sensação de que o raciocínio está fluindo e quebra um pouco a monotonia de ficar sentado usando somente o cérebro e a ponta dos dedos. É uma sensação mágica que alivia um pouco a tensão de ficar sentado com um problema nas mãos.