Ronaldo
Ronaldo Desenvolvedor, pai, cidadão do mundo.

O verdadeiro predador

O verdadeiro predador

Uma coisa ruim que aconteceu com o Homem foi o distanciamento que criamos da natureza. Criamos um mundo artificial à nossa volta e chamamos esse mundo de civilização. Isso nos fez distanciar-nos da nossa verdadeira natureza.

O fato inescapável é que fazemos parte do reino animalia. Somos tão animais quanto o cachorro que nos guarda ou o pássaro que voa acima de nossas cabeças. E o nosso intelecto nos colocou no topo da cadeia alimentar. Somos os predadores mais adaptáveis, perigosos e cruéis da natureza pois conseguimos matar nossas presas em escala industrial, ao contrário do leão que mata sua presa para subsistência.

A nossa relação com a natureza, que cada vez é mais tênue, é o que nos leva a depredá-la. Estamos transformando nosso planeta em um lugar árido. Precisamos, antes que seja tarde de mais, renovar nosso compromisso com a natureza, nos colocando no nosso devido lugar. O primeiro passo é reconhecer que somos tão animais quanto qualquer outro animal que existe à nossa volta. O segundo passo é nos integrar à natureza, criando soluções para o nosso dia-a-dia que minimizem os estragos que causamos.

Nossa tecnologia é um reflexo disso. Construímos casas que são pouco integradas à natureza. Desenvolvemos uma mania de limpeza que está desequilibrando os ecossistemas locais. Por exemplo, as aranhas que matamos em nossas casas impediriam que mosquitos como o famigerado Aedes Aegypt se alastrasse da forma como está se alastrando. Mas achamos as aranhas nojentas e as matamos sem piedade. Resultado? Deixamos o mosquito sem predador, o que o faz alastrar-se descontroladamente.

Fazemos isso com as lagartixas, escorpiões. Ao invés de aprendermos a conviver com esses bichos, preferimos eliminá-los completamente. Os escorpiões, por exemplo, são excelentes no controle da população de baratas. Mesmo sendo peçonhentos, são animais importantes. Todos os animais à nossa volta acabam desempenhando funções importantes no meio ambiente.

Precisamos aprender a criar cidades mais ligadas a natureza, com menos poluição e tirando proveito do que a natureza nos dá de graça: água da chuva, terra em abundância, energia dos ventos e do sol… Poderíamos plantar mais árvores frutíferas e aproveitar seus frutos. Poderíamos plantar mais árvores, mesmo não frutíferas, que ajudam a regular a temperatura ambiente e a gerar chuvas mais ricas e constantes por conta da sua respiração.

Acredito que a era pós-industrial está chegando e, com ela, a consciência de que precisamos voltar à natureza. Nossa sobrevivência depende disso. Ou entraremos, no futuro, para o rol das espécies que reinaram neste planeta e que foram extintas, com a diferença que seremos extintos pelos nossos próprios méritos.