Ronaldo
Ronaldo Desenvolvedor, pai, cidadão do mundo.

O fim dos apps

Será mesmo?

O fim dos apps

Muita gente discute que em 4, 5 anos os apps vão deixar de existir, que a inteligência artificial vai substituí-los. Existem estudos e mais estudos, e muita especulação no que vai acontecer. E já tem gente desanimando quem quer fazer um app por conta disso.

Infelizmente tem gente que vive demais no futuro e especula demais. Em 5 anos, com certeza muita coisa vai mudar. A começar com a interface com a máquina. Os telefones realmente têm telas muito grandes e são dispositivos bem chatos de usar. A AI vai, definitivamente, melhorar o reconhecimento de voz e o reconhecimento de quem dita as regras. Hoje, o reconhecimento de voz não tem a capacidade de identificar quem está falando. Simplesmente segue às ordens cegamente. Isso deve mudar.

O argumento que a tela será substituída por outra interface provavelmente gerida por uma inteligência artificial não é forte o suficiente para dar fim aos apps, na minha opinião. Entendo que o que vai mudar será a interface dos apps. Basicamente é assim que a indústria do software vem funcionando ao longo dos anos.

A evolução da interface

Com a melhoria da tecnologia, a interface com o usuário foi o principal elemento evoluído ao longo dos anos. Na aurora dos computadores pessoais, a interface era em modo texto, passando pela interface gráfica e chegando à interface multi-touch dos dispositivos pessoais. O próximo passo é evoluir para uma interface mais natural e mais inteligente, que possa aceitar e processar comandos de maneira mais natural e eficiente.

Isto não invalida, de forma alguma, os aplicativos. Inclusive, desde que a Apple liberou o SiriKit, para permitir a integração da inteligência artificial da Siri com os aplicativos, que começou uma grande mudança de paradigma no que diz respeito à interface. No entanto, as operações que são executadas ainda precisam ser programadas e acredito que isso será uma constante pelos próximos 20 anos.

Por que? O fato é que ainda estamos engatinhando na capacidade da inteligência artificial. Ah, mas já há experimentos nos quais o computador foi capaz de programar-se para mudar seu comportamento. Sim, experimentos. Isto é muito diferente de um produto comercial pronto para o mercado. E mesmo que isto seja um produto comercial em alguns poucos anos, ainda será necessária a intervenção humana para programar estas máquinas.

Uma profissão condenada

Eu acredito que a profissão do programador está condenada. No futuro, as máquinas serão suficientemente inteligentes para programarem-se a si próprias de forma a criar suas próprias rotinas, de forma nunca antes vista. Isso tornará o programador uma profissão do passado.

Não acredito que isto acontecerá em um curto espaço de tempo. Imagino que a profissão de programador será mantida pelos próximos 30 anos, pelo menos. Sim, as tecnologias vão mudar, as linguagens e ferramentas vão tornar-se muito mais poderosas. Mas ainda assim será necessária a figura humana para programar as máquinas.

Mas vai chegar o tempo no qual a intervenção humana não só será desnecessária como será danosa ao fabrico de software. As máquinas serão capazes de escrever software muito melhor que nós mesmos.

Mas vai morrer mesmo?

Mas os apps vão morrer mesmo? Eu acho que não. Na minha opinião, a interface com o usuário sofrerá mudanças drásticas nos próximos anos. Pensar que os apps morrerão nos próximos 5 anos é ignorar o fato de que a grande maioria dos apps no mercado usam apenas uma fração das capacidades dos dispositivos nos quais executam.

Ainda há muito a explorar nas tecnologias pessoais. Não acredito que em 5 anos tudo será coberto, principalmente por que os vendors atuais estão com ciclos de entrega tão agressivos que têm feito a comunidade de developers penar para atualizar-se com relação às novas tecnologias.

Afirmar que a AI vai tornar os apps obsoletos é uma afirmação arrojada que ignora vários cenários de uso para os quais a AI não será adequada. Por exemplo? Ler um livro! Sim, você precisa de uma tela de bom tamanho para ler um bom livro. Não é todo mundo que gosta de audibles. Da mesma forma, não é todo mundo que gosta de tomar notas ditando para a máquina.

O que acredito é que a forma como os apps vão interagir com as pessoas será diferente em 5 anos. Esta afirmação é muito diferente de dizer que os apps vão morrer. Acredito que a interface com o usuário será mais inteligente, e vai exigir mais poder de processamento por conta disso. Em 5 anos os dispositivos móveis, quaisquer que seja, serão mais poderosos ou estarão mais integrados a grids de computação mais poderosos para fornecer serviços de interface mais simples e mais inteligentes aos usuários.

No entanto, ainda será necessário alguém escrever o serviço que será cumprido, adicionando operações à inteligência artificial.