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Ronaldo Desenvolvedor, pai, cidadão do mundo.

Código que gera código: pra que serve?

O cinto de utilidades do developer

Código que gera código: pra que serve?

A ideia de escrever código que gera código não é, absolutamente, uma novidade. Analisadores léxicos como o lex e flex, e analisadores sintáticos como o yacc e o bison são exemplos clássicos de código que gera código. Mas, além de compiladores, há alguma utilidade nisso?

Por que gerar código?

A geração de código tem como base a ideia de economizar tempo do desenvolvedor quando há muito código boiler plate que precisa ser escrito. Por exemplo, as ferramentas de compilação da GNU podem gerar código quando fazem teste de capacidades do seu sistema, durante o estágio de configuração do seu código-fonte. Ou você pode criar código repetitivo com base em arquivos de configuração, ou ainda gerar o esqueleto de uma aplicação que utiliza um determinado framework ao invés de escrever código em cima de código que tem o mesmo formato.

Frameworks modernos usam um princípio chamado de scaffolding, ou seja, geram a base de código sobre a qual você construirá sua aplicação. Normalmente é código boiler plate para iniciar e configurar o framework, deixando os pontos de extensão prontos para você escrever. Com isto, você economiza tempo precioso no seu desenvolvimento.

O cinto de utilidades do developer

Cedo ou tarde todo developer começa a criar suas próprias ferramentas, além das que já usa no dia-a-dia. Trata-se de algo natural, na verdade. Porém, é preciso ter em mente que as ferramentas podem ter um papel mais importante do que simplesmente servir como um mero auxílio, podendo fazer parte do código main stream da sua empresa.

Por exemplo, você poderia fazer uma ferramenta para codificar todas as strings do seu software de forma a ofuscar seu conteúdo. Isto é particularmente útil em software instalável que utiliza-se de algum par usuário/senha ou chave de acesso para ativar end-points na internet. Afinal, toda string termina da string table do seu executável, algo que pode ser facilmente lido por ferramentas simples de desenvolvimento (como a strings da linha de comando dos sistemas *nix).

Assim, é importante dar a devida importância às ferramentas, controlando as versões das mesmas. Sim! Crie repositórios para salvá-las e evoluí-las. Afinal, software que gera software também é software!

Programação orientada a definição

Isto é muito comum no mundo java: você cria intermináveis arquivos de configuração que são usados para dar comportamento aos frameworks. Você pode fazer a mesma coisa: criar um arquivo CSV ou XML num determinado formato e usá-lo para alimentar sua ferramenta que criará o código para você. O código gerado pode ser um CRUD para entidades de dados, o scaffold para um recurso dentro de um serviço RESTful, e por aí vai.

Fica muito mais simples criar um arquivo de configuração do que escrever dezenas de linhas de código sempre que for criar algo novo no seu software. Faça a ferramenta fazer parte da build do seu software e voilá! Você ganhou tempo precioso no seu projeto.

Seja simples, mas evolua

Muitas das ferramentas que escrevi para criar código começaram como shell scripts simples e acabaram evoluindo para algo mais complexo. Em alguns casos, se tornaram executáveis mais parrudos por conta da performance que tornou-se necessária durante o build da aplicação final.

Assim o processo de build também iniciou-se simples e evoluiu para algo mais complexo: ao invés de build steps que chamavam apenas alguns shell scripts, era necessário construir as ferramentas primeiro para depois construir o código da empresa.

Porém, é importante ter em mente que isto precisa ser uma necessidade. Escrever um gerador de código só por que você achou bonito não é uma boa ideia. Ele precisa ser justificado: vai economizar tempo no seu processo de produção de software. E naturalmente evoluirá para algo mais complexo do que simples scripts executados durante a construção do seu software.

Porém, comece simples. O mais simples que puder. De preferência evitando dependências complexas, algo que pode dar bastante dor-de-cabeça para um developer new-comer que acabou de juntar-se à equipe. E documente bem o que está fazendo. Ou você será incapaz de tirar férias.