Ronaldo
Ronaldo Desenvolvedor, pai, cidadão do mundo.

Os anjos são feios. Os demônios, bonitos.

Quem quer te seduzir não é o bem, mas o mal.

Os anjos são feios. Os demônios, bonitos.

A beleza é uma medida abstrata e relativa. O que é feio para você pode ser bonito para mim. Este texto é um pouco diferente do que costumo escrever, pois trata-se de um pouco de filosofia, algo que deveríamos fazer com mais frequência. Questionar o universo que nos cerca é uma forma de tentar descobrir seus segredos, mesmo que estes segredos nos escapem à compreensão. A compreensão um dia virá após evoluirmos.

Este é um texto sobre o bem e o mal, duas forças antagonistas que existem e que se equilibram na regência do universo. Vivemos em um universo regido pelo equilíbrio. Aprendemos que o desequilíbrio força ao movimento em direção do equilíbrio. Por exemplo, a engenharia elétrica é baseada no desequilíbrio de cargas elétricas que, quando conectadas a um circuito, criam uma corrente que é, portanto, utilizada para produção de alguma forma de trabalho.

E assim são o bem e o mal. Ambos mantendo-se equilibrados. Quando o mal é superior, segue-se a opressão e surge o movimento para estabelecer-se o equilíbrio. O mal é sedutor. E para que seja sedutor é necessário que ele tenha elementos que agradem ao Homem.

Por que tantas pessoas corrompem-se? Se o mal fosse realmente feio, seria bem difícil seduzir o Homem à sua causa. O mal é, sim, feio. Mas internamente, no seu cerne. Porém, é lindo na sua aparência. Se assim não o fosse, jamais seríamos tão facilmente seduzidos por ele.

Partindo-se desta argumentação, os demônios são absolutamente bonitos enquanto os anjos são feios. A feiúra dos anjos servem-nos como uma forma de expressão máxima do amor, ou seja, para gostar de um anjo é preciso aceitá-lo e gostar dele da forma como ele é e não pela sua beleza externa. A beleza externa é uma medida rasa sobre a qual deleitamos nossas fantasias e que, consequentemente, nos permite ser tão facilmente seduzidos.

Para se gostar de algo feio é preciso movimentar o amor dentro de nós. Amar alguém pelo que é e não pelo que tem é, hoje em dia, algo difícil. Vivemos tempos de ódio, rancor, no qual valoriza-se o que se tem e não o que se é. São tempos difíceis, de declínio. Vivemos o entardecer da nossa civilização, o declínio, a queda.

E neste momento da nossa História os demônios nos assediam diariamente, nos seduzindo com bens materiais inúteis que jamais levaremos conosco depois desta vida. E com isto consumimos o planeta, tornando-o instável e, caso a marcha continue, inabitável.

Os demônios são sempre lindos e sempre trazem, debaixo do braço, mensagens lindas e sedutoras, enquanto lucram de forma indiscriminada da sua boa vontade, do seu desespero, da sua dor.