Envelhecer é bom
Alguns apontamentos de quem chegou na meia-idade e está feliz com isso.
Quando eu era jovem, há uns vinte e poucos anos atrás, eu não pensava como seria quando eu passasse dos quarenta. Quando você acaba de completar vinte anos você é um pouco mais que um adolescente e um pouco menos que um adulto, apesar de já ser considerado completamente adulto. Os primeiros anos na vida adulta são complicados, assim como o são os primeiros anos da adolescência, da infância, etc.
Você não percebe mas sua saúde vai se deteriorando com o tempo. Quando jovem, você não sente essa deteriorização. Você bebe, fuma, dorme pouco, e chama isso de curtir a vida. Aí um belo dia descobre que é hipertenso ao tentar doar sangue. E não entende de onde veio a maldita hipertensão. Afinal, isso é doença de velho!
Foi assim comigo. Quando você percebe que está envelhecendo, começa a limitar-se e sente medo. Medo de não conseguir mais fazer o que precisa fazer para sobreviver. Você se sente velho perto dos mais jovens e começa a perceber que passou do meio da sua vida. Ou seja, daqui pra frente é descida de ladeira rumo ao fim inevitável.
Muita gente não admite que está envelhecendo. Escondem os cabelos grisalhos com tingimento, procuram médicos para evitar a queda dos cabelos, usam produtos para dar fim às estrias e rugas. Alguns entram em profunda depressão e chamam isso de crise da meia idade.
Não sou psicólogo e não critico quem passa por isso. Envelhecer é um processo pelo qual nada na nossa vida nos preparou para viver. E é uma questão de aceitação. Você precisa aceitar que já não é mais um garotinho e que acaba de entrar em outra fase da sua vida, da mesma forma como entrou na infância, adolescência, etc.
Aceitar o envelhecimento é uma coisa boa. Você está, na verdade, aceitando que está entrando numa nova fase da sua vida na qual você está mais maduro, mais experiente. O seu corpo começa a degenerar-se como parte do processo e é preciso aprender a conviver com isso. Eu aceitei isso de braços abertos. Estou chegando aos 45 e feliz por isso. Apesar disso, me sinto ainda jovem por dentro. O meu espírito ainda tem força e ímpeto de seguir adiante pois acolhi uma verdade simples: um dia vou morrer e para isso preciso envelhecer. Porém, ainda posso mudar o mundo à minha volta, das mais variadas maneiras. Ou seja, ainda tenho o poder de transformar a minha própria vida.
A limitação imposta pela idade é muito mais psicológica do que real. Aprendi a andar de patins aos 35 anos. Faço musculação regularmente e corro sempre que posso. E daí que pareço uma morsa gorda correndo? O meu corpo é assim, uai. E com o envelhecimento, emagrecer vai se tornando cada vez mais difícil devido à desaceleração do metabolismo. Foda-se. Vou continuar correndo, fazendo minha musculação e tudo o que me der na telha. O que muda é que ao patinar, preciso de mais equipamentos de segurança o que me faz parecer um astronauta. Ao correr, preciso de tênis com redução de impacto pois minhas juntas já não são as mesmas.
Já não posso mais comer qualquer coisa. Comida muito gordurosa me faz mal. Comida com muito sal é um veneno. Refrigerante me arrebenta. E daí? São limitações impostas pela idade. E fico feliz de chegar até aqui. E vou continuar até onde der, fazendo o que gosto e convivendo com as limitações que só se farão aumentar com o passar dos anos.
Envelhecer faz parte do processo da vida. Todo mundo vai envelhecer. E a melhor forma de fazer isso é aceitando o envelhecimento como um processo inevitável e feliz.
Eu acredito que todo mundo tem o direito, e o dever, de ser feliz. Envelheça com um sorriso pensando que você ainda está aqui para continuar moldando seu destino. Aqueles que não envelhecem infelizmente já se foram antes do seu tempo e não podem mais trazer alegria para si nem para as pessoas que ama.