Ronaldo
Ronaldo Desenvolvedor, pai, cidadão do mundo.

George Orwell estava certo?

George Orwell estava certo?

Acompanhando a brigaiada da Apple com o FBI e agora a briga da justiça brasileira com o WhatsApp, começo a me perguntar se não estamos começando a caminhar em direção a 1984, livro de ficção científica de George Orwell. Quando eu assisti ao filme, cuja cena usei para decorar este texto, terminei o mesmo chocado. Tanto o livro quanto o filme são assustadores.

Essa ideia de permitir a invasão da privacidade para fins de investigação é algo assustador. Imagine um governo corrupto que comece a invadir a privacidade dos seus cidadãos para justamente perpetuar-se no poder. A invasão da privacidade torna-se uma ferramenta para eliminar a sua identidade, a sua unicidade dentro da sociedade.

Sim, entendo que a ideia é combater o crime. Porém, quem é que vai garantir que a privacidade do cidadão de bem não será invadida pelo governo? Essa possibilidade é assustadora!

Quanto mais deixamos o Estado entrar nas nossas vidas mais nossa identidade se perde, misturando-se à multidão. Passamos de uma sociedade na qual o indivíduo é importante para uma sociedade na qual o coletivo é importante: uma colmeia de abelhas. Ou seja, cada um terá um papel definido a desempenhar: os guerreiros, os operários, os reprodutores… Esqueça plano de vida, ou objetivos. Você será o que te disserem para ser.

Entende a profundidade dessa discussão? Tudo começa com a sua privacidade sendo invadida. Depois, sua identidade será esquecida e, por fim, você será um instrumento do Estado, um operário, sem direitos mas cheio de deveres.

Em um cenário como este a sociedade será totalmente segura. Eu costumo dizer que o aumento da segurança diminui a sua liberdade. Pare para pensar: você não pode entrar a hora que quiser na empresa onde trabalha. Há horários determinados para que você tenha acesso à empresa, até mesmo por questões de segurança. Ou seja, sua liberdade foi diminuída: você não tem liberdade para estar no escritório quando bem entender.

E quando começamos a pensar em uma sociedade realmente igualitária, sem classes sociais, voltamos ao princípio da colmeia de abelhas. Ou seja, uma sociedade estática, sem liberdades, na qual o coletivo sobrepuja-se ao indivíduo, uma utopia sonhada por pensadores alguns pensadores relativamente modernos. Porém, uma utopia preto-e-branca, monótona e que leva a uma sociedade estagnada sem a entropia necessária para que seja possível a evolução.

Assim teremos atingido a estagnação e, provavelmente, o ápice da decadência humana.