Ronaldo
Ronaldo Desenvolvedor, pai, cidadão do mundo.

A perigosa moda da startup

E por que você precisa ficar ligado nisso

A perigosa moda da startup

A startup está na moda. Todo mundo quer ser dono do próximo unicórnio. Startapeiro é um termo descolado. Porém, tem muita coisa que não te contaram sobre as tais startups que você precisa saber antes de entrar na onda dos empreendedores de palco.

Startup é uma empresa

Startup é uma empresa. Simples assim. E como toda empresa tem CNPJ, precisa pagar taxa de funcionamento para a prefeitura, contabilidade fiscal, e mais uma montanha de coisas que toda empresa no Brasil precisa pagar. No mínimo você precisará de um advogado para escrever um bom contrato social e um bom contador que cuidará da escrituração e contabilidade fiscal da sua empresa.

Além disso, sua startup precisará de uma conta PJ num banco para emitir boletos, receber pagamentos e também para pagar empregados. Veja, até aqui eu descrevi uma empresa tradicional. Uma startup não foge disso. E não adianta vir me dizer que você abriu uma startup e fez diferente: é lei. Se é lei e você fez algo diferente, reveja seus conceitos: você está infringindo a lei e provavelmente será responsabilizado e sofrerá penalidades por isto.

Como toda empresa você precisará de sócios ou deverá abrir uma empresa individual de responsabilidade limitada, a famosa EIRELI. E tendo sócios é preciso determinar o capital social da empresa, pró-labore, participação nos lucros, etc. Se pretende ter investidores, precisa entender como adicioná-los ao negócio — como investidores não administradores ou como parte da composição societária.

Onde a startup se diferencia

A diferença principal do modelo de uma startup com relação ao modelo tradicional está no uso do método científico. A startup é fundada com base numa hipótese que necessita ser confirmada através de vários experimentos com o público-alvo determinado para a empresa. Este é o princípio da Startup Enxuta, segundo Eric Ries, escritor norte-americano que cunhou os princípios da empresa validada.

Ao chegar ao mercado, o produto da startup já foi validado e já houve aceitação. Ou seja, a probabilidade da empresa acontecer é muito maior do que a de uma empresa tradicional.

Da mesma forma, a probabilidade da empresa dar errado é igualmente grande. Porém, ao dar errado é possível remanejar a empresa e colocá-la em outra direção com um mínimo de prejuízo. A ideia é: falhe rápido e falhe cedo. Ou seja, o modelo da startup é feito para mitigar os riscos de forma ágil em um ambiente de extrema incerteza. Veja, eu disse mitigar e não anular.

Trabalho duro e dinheiro

Assim como toda empresa nova no mercado, uma startup exige muito trabalho duro, principalmente por parte dos sócios administradores. E não caia no conto de que dá para construir uma empresa sem nada no bolso. É preciso ter dinheiro sim. Sem dinheiro, sua empresa não consegue, sequer, dar o primeiro passo.

Mesmo Steve Jobs precisou de dinheiro para fazer a Apple andar. O seu primeiro investimento foi o dinheiro da venda do seu Abarth 500 e, depois, receberam USD 250 mil de Mike Markkula. Ou seja, sem dinheiro, esquece: sua empresa não sai do lugar.

Existem formas para obter dinheiro sem a necessidade de investidores: você pode pedir empréstimos em bancos, que é um dinheiro considerado caro, pode trabalhar em um emprego fixo que lhe pague as contas até que sua empresa consiga arrecadar o suficiente para lhe pagar um salário.

Mas tenha em mente que cedo ou tarde você precisará colocar dinheiro na sua empresa. Normalmente isto é feito quando você abre a empresa: o capital social. Este dinheiro precisa constar do contrato social e precisa ser depositado em uma conta em nome da empresa para ser considerado aportado na empresa. E você é obrigado a fazer isso, querendo ou não.

O dinheiro é usado para o pagamento de taxas de funcionamento e outras taxas e impostos que são inerentes ao funcionamento de qualquer empresa. Além disso, há o capital de giro que cobre as despesas ordinárias: água, luz, telefone, empregados, internet, infra-estrutura, etc.

Procure se informar

Antes de sair empreendendo sem direção, procure informação. O SEBRAE tem uma biblioteca extensa de informações e vários cursos gratuitos que você pode fazer para entender tudo o que envolve ter uma empresa. Para saber como funciona uma startup, nada melhor que o livro de Eric Ries sobre o assunto.

Mas lembre-se: o livro sobre startups foca-se no modelo norte-americano e precisa ser, necessariamente, adaptado para a forma como as coisas funcionam no Brasil. Por isso é importante informar-se no Sebrae sobre como as coisas funcionam e o que você precisa para abrir sua startup.

Veja, também, movimentos de empreendedorismo na sua cidade, bem como grupos empresariais. Vale a pena participar desses grupos para trocar experiências e fazer contatos. E, também, é importante participar de eventos na sua região sobre o assunto.